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ANÁLISES LITERÁRIAS | O GUESA ERRANTE

  • Christian Fróes
  • 21 de ago. de 2016
  • 3 min de leitura

  • ANÁLISE DOS PARÁGRAFOS

“E qual eles [os jaguares], eu venho acompanhar-te,

Deusa dos roçagantes véus dourados!

Se me aparto de ti, quantos cuidados,

Quantas saudades tenho de deixar-te!” (Sousândrade, p.72)

Nesta parte do poema percebemos um narrador mais expressivo, na procura de Virjanura (deusa) e acompanha a movimentação dos jaguares, porque é ele que fala/sente o que está acontecendo ali, é como se ele mesmo fosse O Guesa. Porque ele seria sacrificado para poder acontecer um novo ciclo astrológico (A cada 15 anos a tribo capturava uma criança para poder sacrificar), e assim chegaria mais perto da deusa, já que ele morreria por algo “heroico”.


“E houve um tempo em que nós nos assentávamos,

Eu e ela, por entre os cafezeiro...

Os arroios corriam... nós amávamos...

E eram assim teus raios feiticeiros.

As vozes, eras tu que nos dizias

Tantas venturas, tantos mimos castos!

As ondas, eras tu que as incendias

Dos seus cabelos negrejantes bastos!” (p.72)


O narrador passa a “conversar” com o Guesa sobre todo aquele acontecimento, e as vezes o próprio leitor pode se confundir em saber se é O Guesa que está falando ou se é o próprio narrador. O poema não segue uma ordem exata da estória, em determinado momento Guesa está em um lugar e pouco depois está em outro sem sabermos o porquê.

“Oh! Quem o visse ali ao desamparo,

Tão só! tão só! na terra adormecido” (p.62)

“As balseiras na luz resplandeciam –

Oh! Que formoso dia de verão!

Dragão dos mares, – na asa lhe rugiam

Vagas, no bojo indômito vulcão!

Sombrio, no convés, o Guesa errante

De um para outro lado passeava” (p.67)

Esse é um exemplo de transição de lugares em Guesa estava sem sabermos ao exato como ele foi de um lugar para o outro. Em início, ele está em um lugar sombrio para passar a noite (“Tão só!”) e um pouco depois já está em alto mar.

“Eu tenho o mundo flagelado

À ambi ão d’esse amor divino e rudo:

Dos céus materiais estou cansado,

Nem vale à pena ser feliz no mundo!

Não d’ingratidão, nem de descrença

Aos poderes do olhar e s for as d’alma;

Porém, do que se diviniza e pensa

E passa” (p.150)

Nesta parte, Guesa já fugiu e ele meio que fica distorcido entre duas partes, o divino e o humano. O divino pois era para ele fazer parte de um ritual sagrado e ser sacrificado para o bem da humanidade, e o humano pois ele não quer ser sacrificado e por isso fugiu, e acabou chegando às ruas de Nova Iorque, por isso esse poema é algo bem intensificado em diferentes lugares com uma variação de cultura muito vasta, e isso é uma característica bem peculiar de Sousandrade.

“– Tende, Lottie!...

Aqui... prende-te à lajem!

Forte!.. sai da corrente!.. o braço... a mão!.

Oh! Lá vão-se co’as águas arrastados!..

Afundam-se no abismo! Deus! Socorro!

– Contra os vórtices lutam... esforçados

Tomam-na os ombros d’Ethelberto... Salvos!..

Alcançaram o rochedo... – Ao sorvedouro!

Desgraça! Horror! Lá foram-se e sumiram!

Lottie!.. Lottie!.. – Uns braços finos, alvos,

Crispos os dedos, hirtos... giram, giram,

Giram... Oh! Cristo! – Desapareceram...” (p.285)

Aqui é perceptível que não existe no poema uma sequência exata da estória, ele diz partes principais para que nós mesmos pensemos no que está acontecendo, ou seja, o próprio leitor pode fazer parte da estória, entendendo o sofrimento e as ações do Guesa.


  • CONTEXTO HISTÓRICO

O período histórico em que o livro se encontra é entre 1858 e 1888, em que foi aceito dois projetos importantíssimos para o Brasil, que seria o projeto de abolição da escravatura nas Câmaras dos Deputados e a assinatura da Princesa Isabel sobre a lei áurea que extingue a escravidão no Brasil (isso foi em 1888). É aqui que vemos o objetivos das escrituras de Sousandrade. Existe uma parte no poema em que indígenas falam que estrangeiros ou “colonizadores” teriam roubado suas mulheres, escravizado seus filhos e acabado com seu povo num geral, e com esse livro as pessoas poderiam ser motivadas a concordar com a abolição da escravidão e uma série de outras coisas que não eram boas para o Brasil.


  • TEMAS

* Colonização dos europeus sobre a América.

* Rompimento dos ideais antigos do povo para o ideal capitalista.

* Força do capitalismo sobre a colonização.

* Destruição da cultura indígena.

  • ESCOLA LITERÁRIA

Sousândrade participou da terceira geração do romantismo brasileiro.




QUEM SOMOS

      Olá, somos do segundo ano de Telecomunicações (2AT) da Fundação Nokia e criamos este blog com o objetivo de auxiliar e esclarecer as dúvidas com relação a escola literária do Romantismo, tendo foco no autor José de Alencar, de modo que encontrem aqui questões de vestibulares comentadas, biografias dos autores, vídeos, análises, resenhas e entre outros recursos que facilitem o aprendizado. Este também é um exercício avaliativo aplicado pela professora Dayanna Porto, professora de Língua Portuguesa e Literatura.

Obrigado pela visita e boa leitura!

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